15º Carta - Eu, você e "Pessoa"
Bem-vindos
ao blog e ao convite para ler as cartas de amor inspiradas nas
histórias que ouço todos os dias em meus atendimentos astrológicos, nos
encontros da vida, e em minhas próprias experiências. Para quem quer
saber mais sobre elas, veja o post da primeira carta no link:
Pena que não tínhamos o
dia todo para prosear, pois temos muitos mapas que calcular e o mundo para
pensar. Mas o bom da verdadeira amizade é que ela está disponível sempre que
precisamos acessá-la, logo caminharemos pelas ruelas da vida novamente,
poetizando e nos deleitando a falar de Deus. Como despedida e desejo de um bom
dia ouvimos Madredeus (ele agora tem um Ipad), e cada um foi para o lado que a vida chamou.
http://ferzanini.blogspot.com.br/2015/10/as-cartas-de-amor.html
15º Carta – 22/10/15
Inspirada nos homens que sabem
amar poesia.
Amor,
Olhando pela janela e vendo a
chuva cair me lembrei das ruas de Lisboa, dos cafés, do bonde e do castelo de
São Jorge. Me deu muitas saudades de um amigo, um daqueles de outros tempos,
dos quais te confessei outro dia que tenho minhas conversas. Resolvi colocar
meu chapéu, pegar meu guarda-chuva (que odeio carregar, mas que tem certo tom
poético), e ir até um café e encontrar meu querido Fernando Pessoa para,
simplesmente, prosear. Qual não foi minha alegria quando ele me disse que vocês
se conhecem, que também são muito amigos. Você não tinha me contado, meu bem.
Sabe, eu e ele temos muito em
comum, começa por sermos Fernandos e acima de tudo gostarmos de ser “pessoa”, e
veja que coisa, somos astrólogos e adoramos escrever, ainda que nesse tema ele
seja oceano e eu gota.
Hoje nossa conversação girou em
torno da estada de Urano em Áries estilhaçando os valores sem valor. Nos
confessamos que temos certo temor de descobrimos que já não há valor, mas essa incerteza
também nos excita, e confesso que nos diverte um pouco. Nosso nome significa “ousados”,
já entende o que nos move, não? (risos)
Depois de profundas reflexões,
me olhando fundo nos olhos, Fernando disse: “Sinto-me nascido a cada
momento para a eterna novidade do Mundo.” Ele é poesia em cada gesto, ainda
quando se sabe homem que falha nas rimas da emoção.
Amor, ele me aconselhou
a cuidar bem de você, pois homens que sabem chorar são raros. Nos convidou a
passear com ele na Quinta da Regaleira lá em Sintra, pois considera que você
saberia distinguir uma torre interna de um poço, são coisas bem diferentes. Ele
acha isso porque você foi capaz de entrar em minhas entranhas e sem medo chegou
ao fundo de mim, isso não é proeza que qualquer um conquiste, só os cavaleiros
de alma conseguem.

Aí amor, como são boas
as pequenas coisas da vida “quando a
alma não é pequena”
Sempre sua,
Eu
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